segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Distorções e polêmica dos tempos


Será que para uma música passar os valores do cristianismo ela precisa necessariamente falar de Deus?

Será que um músico cristão deixa de ser cristão por não falar de Deus em uma música?

Será que Deus vai deixar de me amar se eu não escrever uma música sobre Ele?

São paradigmas ou não? Vamos concordar, são sim.
Tenho certeza absoluta que todo músico ou pessoa que trabalhe com arte já se pegou nesse conflito. E como se não bastasse, por milhares de vezes quando tentamos desabafar esse assunto, somos prativamente incriminados pelas pessoas que dividem a fé cristã conosco.

Antes de continuar gostaria de deixar um texto pra que meditem: Romanos 14. (com ênfase nos versículos 14,22,23)

Uma das bandas que mais tenho ouvido atualemente chama-se Copeland (alguns dizem que são cristãos, mas nunca vi algo que mostrasse isso abertamente. Meu Deus outro paradigma!). Acho o som dos caras muito bom mesmo, mas uma coisa me chamou atenção na música "Testing The Strong Ones" (Testando os Fortes). (Ouça um trecho da música no final do post, ou baixe um dos albuns deles aqui


A letra fala sobre uma pessoa que esta repousando em uma cama de hospital, aparentemente inconciente. E da pra perceber o sentimento da pessoa que escreve a letra, quase que implorando para estar no lugar do hospitalizado. Mas ao mesmo tempo ele entende que tudo isso possa ser apenas uma recompensa por suas atitudes do passado.

Não sei se esta história é real, mas de qualquer forma ela te faz parar pra pensar se vale a pena arriscar bobeiras pela vida e parar na cama de um hospital.

Falando por mim(não quero dizer que esta é uma visão da minha igreja ou não, apenas meu ponto de vista). Acho que o elogio que mais enche de alegria o coração de um cristão, é ter sua fé exaltada por um não-cristão. Esse é um verdadeiro sinal de que sua fé é verdadeira. Você realmente vive o que prega. Ou melhor, a sua vida fala muito mais do que as suas palavras.

Um dos livros mais bonitos da Bíblia é o de Ester. Acredita-se que esse livro foi escrito por Mordecai (primo de Ester), que inclusive participa da história. O mais interessante é que esse é o único livro do cânon sagrado que em nenhum versículo fala o nome de Deus.
Mas pode acreditar, é praticamente visível enxergar o Senhor na história. Isso deveria ser um tabú, não? Um livro presente na Bíblia - que é a Palavra de Deus - e esse livro não fala do própio Deus!

A grande verdade é que somos completamente cheios de paradigmas religiosos que foram agregados à nossa fé ao longo dos anos. E outro detalhe, quando se fala de músico cristão ou cristã, imediatamente remete à mente o assunto louvor e adoração.

Se você buscar livros e estudos sobre o assunto, pode ter certeza de que 99,9% não trata a música como arte, trata apenas como ferramenta de louvor e evangelismo.

Será que toda música que Jesus ouvia nas festas em que participava eram louvores à Ele ou ao Deus Pai?
O que alegra mais o coração de Deus: um músico que toca num grupo gospel, faz pose de santo, faz letra sobre santidade, derrama lágrimas-de-crocodílo, é metido a adorador, enfim, é um verdadeiro fingido. Ou um músico que faz música como arte mas a sua vida espelha a graça de Deus. Os ímpios chamam o cara para tocar porque ele tem a boa índole, não é um sem vergonha, a presença dessa pessoa traz paz para os que o cercam. O que será que Deus prefere?

Bem, eu tenho a resposta para isso, mas não vou responder. Vou dizer o seguinte, a religião prefere que você fala sobre Deus mesmo que você não viva o que prega. Afinal, pelo menos você tem "temor" porque está falando de Deus.

Essa é uma hipocrisia da mais baixa, suja e mentirosa que existe.
Sabe porque tantos não cristãos ouvem músicas cristãs e não sentem nada?
Porque não existe verdade nelas. Não existe experiência vivida naquilo. A música é apenas um pano-de-fundo para um sermão religioso e mentiroso.
Se eu entrar na questão da falta de criatividade musical então...não termino mais esse texto.

Tenho vivido muito esse tema agora com o programa de radio que participo. Muitas pessoas nos cobram de não tocar músicas que tem uma mensagem legal, mesmo sendo cantada por um artista não cristão.

Abrindo um pequeno parenteses:

"Recentemente vimos, o grande líder de louvor Mike Gugliemucci, do Planet Shakers, que gravou a música, "Healer" do último dvd do ministério australiano Hillsong, ser julgado severamente por estar em pecado.
Será que todos os outros integrantes desse ministério não tinham pecado nos últimos dias? Será que só o Mike estava em pecado? Ou melhor, porque ele estava em pecado não podia estar louvando a Deus? Quem somos pra querer julgar o louvor de alguem?

As pessoas se preocupam mais em julga-lo pelo pecado, do que pelo ato de reconhecer publicamente seu pecado e pedir perdão (coisa que não é fácil, ainda mais sendo um líder como é).
Louvo pela diginidade e hombridade."

O que quero dizer com isso?

Temos que analisar a música pela música, não por quem a canta ou compôs.

Uma vez ouvi uma história de um cara que ensaiava em um estúdio, onde tinha como proprietário um cara legal que era membro da seita do Santo Daime. Alguns diversos "santos cristãos" que conheço deixaram de ensaiar nesse estúdio porque não trazia "paz".
Rídiculo! A paz quem leva sou eu, que sou possuidor da salvação de Jesus. Sou eu quem sou o sal. Sou eu quem tenho que influenciar.

Esse pequeno exemplo reflete o que somos como cristãos: isolados em nosso mundinho. Deixamos de influenciar e somos influenciados. Dizemos que não somos, mas é uma grande mentira e provo isso.

Apenas uma pequeno exemplo. Está cheio de ministro de louvor e artista gospel mais preocupado em ver o cachê na conta bancária do que em fazer a diferença.
Ou se preocupar em ver uma alma sendo ganha, uma pessoa refletindo sobre seu pecado ou apenas uma lágrima sendo derramada.

Deus nos livre da nossa ignorância. Enquanto isso, ficamos com discussões as que citei no início do texto: "Será que para uma música passar os valores do cristianismo ela precisa necessariamente falar de Deus? Será que um músico cristão deixa de ser cristão por não falar de Deus em uma música? Será que Deus vai deixar de me amar se eu não escrever uma música sobre Ele?".

E é incrível como sempre tudo cai encima da música, por exemplo: Não é comum um pai evangélico levar sua família para assistir um filme no cinema? E quantas das vezes que você levou sua família no cinema era um filme explicitamente evangélico?
Todos os livros que lê são evangélicos?
Todos os programas de TV que assiste são evangélicos?

Para mostrar a nossa fé não é necessário falar de Deus o tempo todo, é necessário viver aquilo que cremos.
Faça música como arte. Dedique-se, estude, gaste tempo com seu instrumento. Se você é poeta, ator, pintor, escultor, bailarina e tantas outras coisas, faça arte por ela ser arte. Mostre que você é um ser humano como os outros, que tem sentimentos, vontades, sonhos, decepções, desejos e outras coisas. Não se esconda atrás de um tema religioso enquanto o seu coração esta cheio de outras coisas para dizer.

E o louvor? Faça da sua vida um louvor verdadeiro.
Com certeza Deus se agradará muito mais de você e as pessoas que te cercam poderão te chamar de cristão.

E assim como um músico deve consagrar sempre seu trabalho a Deus, faça-o sempre também.
Já consagrou hoje?

Tamur Oliveira

4 comentários:

  1. Lembre-se, a musica é um alimento...

    se alimente de coisas boa...
    e não de baixaria que hoje em dia é o que mais se vê.

    Parabens tamur, teu blog ta muito bom

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  2. Parabéns pela iniciativa ... é um assunto de extrema importância e, no entanto, um pouco evitado por ser muito polêmico.
    Posiciono-me pessoalmente no http://diakhonia.blogspot.com

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  3. Parabens Tamur pela iniciativa...
    Acho q faltava isso para prestarmos atenção nos q escultamos.
    Acredito q é mesma coisa q o guilherme falo musica, é um alimento e agente nao deve se alimentar de porcarias.

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  4. toda arte necessariamente precisa falar de Cristo?
    a gente se restringe muito à música, mas como foi dito no seu post, arte é arte, no meu caso, sou chargista, então, como artista devo fazer charges "góspel"? proponho nas minhas charges fazer a sociedade pensar, também pra trazer uma mensagem positiva.

    vamos transformar esse mundo.

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